sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Tempero

Música: Tempero
Letra: Filipe Leão

Todo dia naquela rua empoeirada
Vila de casas semi-abandonadas
Um homem sem emprego tenta sobreviver
Junto com sua voz, mas todos parecem não entender
A sua angústia, a sua aflição
De chegar em casa e ter um pedaço de pão
Por isso ele grita, com sua melancolia fina
Mas sua marca fica para o resto do dia.

Tem tempero, tem tempero,
Tem tempero, tem tempero, na vida do tempero

Ele chega pela manhã
Com seu carro de mão
Chamando as donas de casa, vendendo seu coração
Ele grita, clama e luta
Tudo pelo cifrão
Um dinheiro que é sofrido
E que traz tanta indignação

Tem tempero, Tem tempero,
Tem tempero, tem tempero, na vida do tempero

terça-feira, 31 de maio de 2011

Em defesa da política no trabalho

Não concordamos com os que acreditam haver separação entre o ser humano (ator político) e aquele que exerce sua atividade laboral. Charles Chaplin, no filme Tempos Modernos, também combateu essa ideia quando simbolizou que para além de “apertar  parafusos”, o homem e a mulher são, antes de tudo, seres humanos, agentes políticos e atores pensantes.
 
Dado o vertiginoso crescimento da divisão internacional do trabalho, a humanidade insiste em fragmentar e especializar o ser humano em todos os outros campos de sua vida.  Isso ocorre, tanto em relação à separação de suas funções físicas, quanto intelectuais e sociais.
 
Quando nossos filhos desligam a tv com o dedo do pé, num instante somos levados a dizer: “cuidado, que assim vai quebrar!”. Em verdade, essa ideia baseia-se na premissa de que o dedo do pé não possui essa função específica (não serve para isso). Esquecemos que nossos dedos são comandados por um único cérebro racional, pertencentes a um mesmo corpo, e que podem ser usados para esses mesmos fins.
 
Mas é no trabalho que a visão fragmentária do homem tem maior apelo. Há especialistas muito bem pagos que dizem: “não se deve ter relações afetivas no trabalho”, como se, no horário de expediente, os sentimentos e desejos humanos pudessem ser apagados ou escondidos. Da mesma forma, há outros que afirmam: “trabalho não é locus de política”, como se pudéssemos esvaziar  o ser humano de uma de suas maiores virtudes racionais - a de agir politicamente.
 
É por essa e outras condicionantes e restrições, fruto de análises segmentadas, que o trabalho vem se tornando cada vez mais alienante e o homem e a mulher, alienados. De forma que para escaparmos dessa situação precisamos integrar o ser humano a todas as suas dimensões físicas, intelectuais e sociais, a partir de uma visão totalizante. E isso independe de estarmos no ambiente natural de trabalho, fora dele ou mesmo em casa (daí, hoje, o Home-Office ser um tema tão atual).

Romper com a fragmentação é condição necessária para tornar o labor essencialmente humano, além de estimular a criatividade, motivação e iniciativa dos trabalhadores. No serviço público isso ganha maior relevo, afinal tais valores estão por demais esquecidos pelos que administram e gerenciam órgãos e setores vinculados aos recursos humanos.  

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Contratação de auditoria privada demonstra incoerência do governo federal

Há alguns dias, nota publicada no sítio eletrônico do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, sob o título "Governo reduz despesas em R$ 50 bilhões e preserva programas sociais", reproduziu preconceitos sobre os gastos com pessoal que costumam circular em campanhas eleitorais.

Como integrante de uma carreira cuja atuação está pautada na defesa do Estado enquanto instituição a serviço da Sociedade, não estou aqui para cobrar coerência ideológica dos membros do governo. Mas é dever de todo servidor público e, mais ainda, daqueles que pretendem representá-los demonstrar indignação diante de visões preconceituosas e, sobretudo, de medidas que, mesmo supostamente inspiradas no "mantra" da eficiência, apontam para gastos ineficientes e contratações de utilidade duvidosa.

Segundo a nota, a ministra Miriam Belchior "anunciou ainda que haverá atenção especial sobre a folha de pagamentos com a contratação de auditoria para localizar possíveis irregularidades". Porém, ao fazer este "relevante" anúncio, desconsiderou a existência de um órgão central de Controle Interno, a Controladoria-Geral da União, que possui servidores públicos especializados e com prerrogativas para exercer estas funções.

E o discurso da qualidade, da eficiência e economia do gasto público demonstra uma certa incoerência, pois passa-se a supor que a contratação uma auditoria privada, com todos seus custos envolvidos, por si mesmo, teria melhores condições de "acompanhar a folha de pagamento do governo", em detrimento de carreiras cujos servidores exercem rotineiramente e com total presteza esta mesma função.

Depois de tantos imbróglios com o Ministério Público do Trabalho, alguns gestores parecem não ter apreendido que não se pode terceirizar atividades, cujas atribuições já estão devidamente definidas por lei a certas carreiras de servidores públicos.

Diante do exposto, talvez seja necessário uma campanha de esclarecimento, voltada para cidadãos e autoridades, sobre as funções do órgão central de Controle Interno do Poder Executivo Federal. Funções dentre as quais se destaca a de acompanhar e apontar eventuais irregularidades na execução do Programa de Aceleração do Crescimento.