domingo, 10 de abril de 2016

Corromper a corrupção


Corromper a corrupção é acreditar que as cinco maiores empreiteiras brasileiras fazem doação legal para o partido “A” e pagam propina para o “B”, utilizando-se dos mesmos meios;
Corromper a corrupção é atribuir ao poder executivo os males do país, esquecendo-se dos ilícitos ocorridos no congresso nacional e das sentenças vendidas pelo Poder Judiciário;
Corromper a corrupção é esquecer que somos uma federação com governo federal, mais de 5.500 municípios e 27 unidades estaduais. Todos com empresas, autarquias e fundos suscetíveis às praticas corruptas;
Corromper a corrupção é criticar o toma lá da cá de cargos do governo contra o impeachment e fazer vista grossa aos setores econômicos interessados na queda da Presidente. Se fizeram pagamentos em paraísos fiscais visando obter contratos no setor público, o que não pagariam pelo voto “Sim” ao impeachment?;
Corromper a corrupção é clamar pela intervenção daqueles que usam fardas, quando armas e a força são fatores que mais inibem e silenciam aqueles que a combatem;
Corromper a corrupção é focar no corrupto, esquecendo-se do corruptor . É colocar este último numa posição subalterna ou inferior;
Corromper a corrupção é atribuí-la apenas ao capitalismo, quando experiências socialistas também o fizeram;
Corromper a corrupção é não conhecer que matérias em jornais podem ser compradas, visando atacar um inocente ou proteger um corrupto;
Corromper a corrupção é acreditar que somente as empresas (que visam lucro) a praticam. Há corrupção em sindicatos e entidades filantrópicas.
Corromper a corrupção é endereça-la somente as igrejas evangélicas, quando o Banco do Vaticano lida com este assunto desde a década de 70.
Corromper a corrupção é acreditar que ela é apenas uma questão de caráter, deixando de lado o papel das regras sociais e incentivos institucionais envolvidos;
Corromper a corrupção é considerar a comissão para agilizar documentos em cartório um agrado, um lubrificante, um mal menor ou da cultura brasileira;
Corromper a corrupção é atribuir ao outro, agora adversário ou inimigo, o monopólio da imoralidade.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

A tragicomédia cínica do impeachment


O Presidente da Câmara Eduardo Cunha (chamado de delinquente pelo Procurador Geral da República, após ter sido pego com contas na Suíça) abre o processo de impeachment contra Dilma. A razão? Decretos orçamentários de 2015, cujo congresso alterou as metas estabelecidas, e pedaladas fiscais, agora chamadas de "operações de crédito", por via transversa.
A FIESP, em lapso de memória, defende o impeachment e gasta alguns milhões com patos e propaganda. Empresas ligadas à Federação das indústrias beneficiaram-se do Programa de Sustentação ao Investimento-PSI junto ao BNDES (crédito farto e barato aos empresários e uns dos motivos das pedaladas fiscais).
A Confederação Nacional da Agricultura - CNA, também em lapso de memória, decide apoiar o impeachment. Grandes empresas agrícolas ligadas à Confederação beneficiaram-se do Plano Safra junto ao BB (crédito farto e barato aos grandes agricultores e latifundiários e também motivo das pedaladas fiscais).
Diversos deputados réus em ações de improbidade e corrupção fazem parte da comissão especial que apreciará o voto do Dep. Jovair Arantes - PTB/GO. O PTB, outrora sigla do nacional desenvolvimentismo de Getúlio Vargas, na historia recente, foi também sigla partidária presidida por Roberto Jefferson - o do mensalão. Até agora, Dilma (pessoalmente) não responde por corrupção. Seu governo (como um todo) responde por erros na condução das políticas econômica e social, depois da maior crise do capitalismo pós 1929.
O jornal Folha de São Paulo, com a crise política, tem orgulhosamente batido recordes sucessivos de audiência em sua página na web. Isso, afinal, valoriza seu passe. E também, é claro, o valor que cobra em propaganda, inclusive para os patinhos amarelinhos da FIESP.
A rede globo. Hum.. a rede globo não comporta comentário curto.
Para esta peça de cinismo só falta a FEBRABAN - Federação Brasileira de Bancos. Estes ganharam tanto nos últimos tempos com juros altos, agiotagem e sangria dos cofres públicos que, acredito, serão os últimos a embarcar na onda do Impeachment. É aquele cinismo, do tipo envergonhado.